Ao sul das suas regiões e membros de importantes blocos regionais, Argentina e Portugal têm na actualidade muito para oferecer. Enquanto que o país europeu tenta superar os efeitos de uma importante crise económica local e regional; Argentina enfrenta os desafios de manter um processo de transformação e modernização económica dentro de uma das poucas regiões que conseguiu contornar o temporal da grande crise internacional.
Nos últimos anos, a crítica situação económica local e regional na Europa, impulsionou a procura de novos destinos e horizontes para o comércio externo e a internacionalização produtiva como estratégia frente a uma região que oferece escassas possibilidades. Somente a modo de exemplo, o crescimento das exportações portuguesas em 2012 alcançou os 87% graças a maiores vendas para destinos fora da União Europeia.
Paralelamente, nos últimos 10 anos as economias emergentes lideraram o crescimento económico mundial, da mão de um muito dinâmico desempenho da Ásia emergente, América Latina e as economias petroleiras. Apesar da notável importância assumida pelas economias asiáticas dentro do grupo dos emergentes, a América Latina apresentou também um dinamismo muito superior ao dos países avançados.
A Argentina é dentro do contexto latino-americano uma das economias que nos últimos anos alcançou um crescimento económico importante (mais de 7% na última década). O país não é apenas um mercado em expansão, mas também uma atractiva plataforma de entrada ao MERCOSUL, bloco económico que somando as economias do Brasil, Uruguai, Paraguai e a recentemente incorporada Venezuela, supera os €2.600 milhares de milhões e os 275 milhões de habitantes. Ao dinamismo económico e à sua pertença ao bloco MERCOSUL, a Argentina soma abundantes e ricos recursos naturais que a fazem um dos principais fornecedores mundiais de alimentos do mundo.
Crecimiento económico comparado
% promedio anual 2003-2012
Fonte: Elaboração própria sobre a base de dados do WEO-FMI
- A actualidade do vínculo bilateral
Apesar que tanto a Argentina como Portugal contam com consideráveis vínculos comerciais e de investimento com as regiões parceiras, os intercâmbios económicos entre os dois são hoje relativamente baixos.
O comercial bilateral entre ambos explica uma proporção muito menor do intercambio de ambos países com o mundo. A soma de exportações e importações situou-se nos últimos anos à volta dos 200 milhões de dólares, com um resultado comercial que conseguiu equilibrar-se. No que diz respeito à composição das vendas, a Argentina sobressai como fornecedor de produtos agro-industriais que explicam os cerca de 80% de suas exportações (farinhas, pellets e óleo de soja, frutas, feijão e grão de bico secos, alguns produtos da pesca, couros e vinhos finos). Por sua parte, Portugal coloca no mercado argentino principalmente manufacturas de cortiça e alguns bens de capital e suas peças entre as quais se destacam os moldes e as peças de automóvel.
No que diz respeito a investimentos, Portugal é um investidor de relativo baixo peso na Argentina. O Investimento Estrangeiro Directo de Portugal na Argentina concentra-se nos sectores da produção de minerais não metálicos, fabrico de maquinaria e equipamentos, industria automóvel (moldes), sector vitivinícola (adegas e manufacturas de cortiça) e nos serviços de entretenimento e informática. Lamentavelmente, nos últimos anos observa-se uma certa descida no investimento devido à presença de fluxos negativos nos sectores de serviços de entretenimento e de informática.
- Oportunidades para uma agenda a futuro
A Argentina e Portugal apresentam na actualidade uma muito variada gama de oportunidades para o investimento e a complementação produtiva. Isto ocorre, num momento em Portugal propõe-se a consolidar o processo de internacionalização das suas empresas e onde a América Latina oferece óptimas oportunidades. Á continuação, apresentamos uma muito breve apresentação daqueles casos em que devido à importância e trajectória dentro de ambas estruturas produtivas apresentam-se interessantes oportunidades para a cooperação económica
O olivícola é um dos sectores de grande atractivo para a consolidação da vinculação bilateral. Portugal, histórico produtor, consumidor e exportador de azeite é um dos principais jogadores deste mercado junto com a Espanha, Itália e Grécia. Na actualidade, Portugal deve recorrer ao comércio de dupla via para aguentar a posição do país no mercado mundial (importar para poder exportar). Por sua parte, a Argentina conta não apenas com condições geográficas e climáticas muito favoráveis para este cultivo nas regiões centro e oeste do país, mas também a sua pertença ao MERCOSUL dá-lhe acesso livre de tarifas alfandegárias para o Brasil, um dos principais mercados de destino das vendas portuguesas (espera-se que o crescimento do mercado brasileiro o coloque como o principal consumidor mundial de azeite e azeitonas). O desenvolvimento da vinculação dentro do sector olivícola, oferece também interessantes oportunidades nos sectores de fornecimento de serviços conexos e no fabrico de bens de capital para a indústria alimentar.
As energias renováveis constituem outro dos muitos campos atractivos para a cooperação. A ausência de recursos hidrocarbonetos para garantir o auto abastecimento, fez de Portugal um precoce investidor em energias não convencionais, especialmente nos casos da energia solar e eólica. Na actualidade aproximadamente um quarto da matriz energética portuguesa abastece-se de energias renováveis, sendo o país de maior difusão das mesmas no Sul da Europa. Estas circunstâncias permitiram ao país desenvolver importantes capacidades de engenharia e desenvolvimento em equipamento assim como um grupo importante de empresas. A forte presença da EDP no negócio, reflecte a aposta realizada no país por este sector. A Argentina, por sua parte, possui recursos e capacidades para o desenvolvimento destas energias entre as quais aparecem alguns jogadores de grande tamanho no fabrico de maquinaria e tecnologia para parques eólicos. A imperante necessidade da Argentina em reverter o seu déficit energético e recuperar o auto abastecimentos complementando a aposta feita pela exploração dos hidrocarbonetos não convencionais, fazem deste sector um interessante foco de atenção para o desenvolvimento de investimentos.
O sector vitivinícola é um emblema dentro da estrutura produtiva de ambos países. Portugal é um produtor histórico de vinhos de alta gama e qualidade com muitas empresas que nos últimos anos iniciaram os seus processos de expansão internacional. A Argentina é também um importante produtor dentro do chamado “Novo mundo” vitivinícola. As oportunidades neste sector plasmam-se já na presença da Sogrape na Argentina como proprietária das Adegas Flichman e na presença de associações entre enólogos portugueses e adegas argentinas para a produção de vinhos finos argentinos com castas portuguesas (Fabre-Montmayou). O sector oferece interessantes opções de investimento e associação para a agregação de valor e a exploração de ricos recursos naturais na Argentina.
Dentro do sector das manufacturas, sobressai o segmento de bens de capital. Em particular, destaca-se o caso da indústria de peças de automóveis, onde Portugal conta com empresas e fornecedores nos segmentos de moldes de injecção de plástico (como o Grupo Simoldes). O altíssimo dinamismo da produção e vendas de automóveis no MERCOSUL convertem-no num dos mercados de maior crescimento a nível mundial neste sector. O grande crescimento da produção de automóveis na Argentina esteve associado a um forte incremento das importações de peças de automóveis. A necessidade de reduzir este déficit e substituir importações faz do sector um atractivo foco de investimento para projectos que naturalmente possuem um alcance regional.
As actividades vinculadas ao turismo, são outro dos casos emblemáticos, ostentando um importantíssimo protagonismo em ambos países. No caso de Portugal, o turismo representa à volta de 12% do PIB, circunstancia que lhe permitiu desenvolver uma importante infra-estrutura de negócios, assim como também empresas de considerável tamanho a nível global. Por sua parte, a Argentina transformou-se, junto com o Brasil, no principal destino turístico da América do Sul com um dinâmico crescimento na sua infra-estrutura turística. O desenvolvimento destas actividades em ambos países já permitiu o estabelecimento de alguns dos mais importantes grupos hoteleiros de Portugal na Argentina, como é o caso do Grupo Pestana, assim como também o esboço de novos projectos.
A construção civil é outro dos campos a mencionar. Os desenvolvimentos alcançados por Portugal na área situam-no como um interessante investidor num país que como a Argentina enfrenta o desafio de continuar adequando a sua infra-estrutura ao crescimento da produção e o comércio exterior.
Além dos já mencionados, devem recordar-se também as possibilidades existentes em sectores de tradicional peso dentro da estrutura produtiva portuguesa, como o são a actividade florestal e as manufacturas de papel e cortiça (Corticeira Amorim tem presença na Argentina), o segmento da produção de material eléctrico, assim como também algumas apostas mais recentes em ambos países tais como os casos da biotecnologia e os serviços informáticos e tecnológicos.
Em definitiva, apesar dos baixos registos que apresentam as estatísticas do comercio externo, uma revisão mais exaustiva das trajectórias produtivas de ambos países põe de manifesto importantes pontos de contacto entre ambos países. Esta circunstância, somada aos particulares contextos impostos por um mundo em processo de transformação forja importantes oportunidades para o aprofundamento da relação bilateral.
Descarregar a apresentação com informação sobre oportunidades de negócios no sector têxtil.
Descarregar a apresentação com informação sobre oportunidades de negócios no sector de medicamentos.
Descarregar a apresentação com informação sobre oportunidades de negócios no sector turismo argentino.